Agosto 2016
“A Zona de Orientação Escolar – ZOE é um espaço relacional e físico onde se estabelecem serviços de ações e acolhidas, escuta ativa, acompanhamento, atenção, assistência, terapia, formação e capacitação orientados aos membros da escola com o propósito de reduzir a exclusão social e problemas escolares, melhorar a qualidade de vida dos dos atores que os integram e prevenir situações de vulnerabilidade social.” (fonte: http://corporacionviviendo.org/zonas-de-orientacion-escolar-zoe-2/ )
A Zona de Orientação Escolar (ZOE) é um dispositivo criado a partir da metodologia do Tratamento Comunitário que diagnostica problemas na escola, através da escuta ativa, da acolhida, do acompanhamento, da assistência, da atenção e da elaboração de Projetos de Intervenção8, com o intuito de fortalecer a comunidade educativa e suas redes, além de propor processos para redução da violência.
Ela vem para prevenir os riscos de exclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade, trabalhando também a prevenção de danos nas suas famílias e comunidades objetivando, enfim, a melhoraria da qualidade de vida de grupos socialmente excluídos.
A ZOE se tornou um dispositivo fundamental para o AdoleScER visto que os conflitos nas escolas são constantes e marcam a história dos/as adolescentes, dos/as jovens e de suas comunidades. Formações com professores, professoras, alunos e alunas sobre esse mecanismo, que busca melhorar as relações escolares, fazem parte das atividades propostas. Aqui, deixa-se o protagonismo para as/os educadores/as e as lideranças adolescentes no intuito de propiciar momentos que os/as empoderem nesse sentido. Além das formações especificas sobre a temática da ZOE, também é possibilitado um conjunto de atividades que se alinham com a sua proposta no GA que está presente na identificação de líderes, no fortalecimento da Educação entre Pares para a resolução de conflitos, no auxílio ao SiDiEs para entender a dinâmica da escola e dos/das estudantes, na formação política em temas sociais, entre outros. Essas atividades citadas serão melhores detalhadas no decorrer desse Guia.
No seu desenvolvimento, a ZOE integra os diversos atores pertencentes à comunidade escolar (professores/as, funcionários/as, diretores/as, alunos/as), as redes institucionais e a comunidade que cerca o centro educacional. Ela é dotada de cerca de sete fases no decorrer de sua implementação.
Diálogos iniciais são estabelecidos com a gestão escolar a fim de abordar a proposta da ZOE e seu potencial para redução da violência. Posteriormente, educadores/as do Grupo AdoleScER passam a frequentar a escola mais incisivamente a fim de compreender a dinâmica escolar. Como os/as estudantes se comportam no recreio, quais os/as professores/as e funcionários/as que a escola possui, como se dá sua organização.
O último passo desta primeira etapa é criar estratégias para que os/as estudantes saibam que será desenvolvido um conjunto de ações na escola para redução da violência cujos principais protagonistas serão eles e elas.
Uma pesquisa é feita com um grande número de estudantes da escola. O objetivo é que eles e elas identifiquem quem tem potencial de liderança para se tornar um estudante líder de opinião e participar das formações proporcionadas pelo GA. Segue o exemplo de como é estabelecida esta dinâmica:
O educador ou a educadora do Grupo AdoleScER pergunta ao aluno A: “Qual estudante tem o potencial de influenciar outros estudantes?” Este aluno A indica o estudante B. Os/as educadores/as do Grupo AdoleScER fazem a mesma pergunta ao estudante B, que indica o Estudante C ou pode indicar a si próprio ou a outro que já tenha aparecido na lista. Ao final, o Educador/a deverá observar e somar quais estudantes tiveram o maior número de votos e serão os/as primeiros 15 da lista a serem chamados para os primeiros diálogos referentes ao processo que será construído de redução da violência no ambiente escolar.
Estes/as estudantes identificados serão instigados/as e formados/as para promoverem o SiDieS, com o qual irão captar dados que se farão importantes nestes primeiros passos do projeto na escola. O SiDiEs sistematiza informações das redes presentes na escola, as representações sociais existentes, quais principais temas que geram sofrimento social, qual a história da comunidade9 e banco de talentos dos estudantes. Esse processo é feito de forma interligada sem necessitar que um dado seja colhido pós o outro, mas simultaneamente, em instrumentos desenvolvidos pela própria instituição. Esse instrumento será mais aprofundado em capítulos posteriores.
Simultaneamente ao processo de compilação de dados promovido pelo SiDiEs, os/as estudantes líderes de opinião passam a ser formados/as no contra turno da escola nas sedes comunitárias do Grupo AdoleScER. É quando inicia o processo de discernimento político que contribuirá com a articulação dos dados do SiDiEs. Como ferramenta que aguça o protagonismo desses adolescentes líderes, a compilação de dados do SiDiEs é feita de forma dinâmica e participativa, a partir da promoção de pequenas ações que são desenvolvidas na escola chamadas de Ações de Vinculação. Ao longo do tempo, com o processo de formação, as ações, que se tornam mais sistemáticas na escola, o empoderamento dos/as adolescentes e o conhecimento por parte de toda a comunidade escolar do projeto começam a ficar mais eficazes e a obter resultados mais significativos, como a apropriação do espaço escolar por parte de todos os/as estudantes como bem comum e que precisa ser cuidado.
Quando os/as estudantes líderes de opinião passam a ativar outros estudantes/as para resolverem problemas geradores de sofrimento social na escola e a promoverem ações autonomamente articuladas em redes, isso significa que a ZOE está implementada dentro do ambiente escolar para a redução da violência.
Todas as informações que foram coletadas e realimentadas no SiDiEs servem de base para o desenvolvimento das ações do projeto. As propostas de intervenção não surgem de observações empíricas, mas a partir de informações concretas que alicerçam e fundamentam o trabalho interventivo. E tudo isto é devidamente registrado e revertido no processos de trabalho.
Trabalhar a autonomia dos/as estudantes líderes de opinião que passam pelo processo de formação, os/as instigando para que eles e elas possam identificar problemas e organizar estratégias a fim de reduzir a violência garante a continuidade do processo, mesmo sem a participação direta do Grupo AdoleScER. Para isso, são oportunizados diversos momentos nos quais os/as estudantes líderes de opinião precisam atuar sozinhos/as, sem a assessoria pedagógica da instituição. Eles e elas identificam o tema gerador de sofrimento social, se organizam, debatem sobre eles e intervém.