Por Isabely Peixoto e Stephany Nery, Educadoras Sociais do Grupo AdoleScER
A cada sete crianças nascidas no Brasil, uma tem mãe adolescente, segundo dados do Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) do SUS (Sistema Único de Saúde). O número de casos de gravidez na adolescência ultrapassa a marca de 400 mil ao ano. Apesar desses índices terem apresentado queda no Brasil nos últimos 20 anos, essa taxa gritante deve colocar em alerta o poder público e a sociedade civil como um todo.
De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi registrado dentro de um ano, 53 gestações em cada mil brasileiras entre 15 e 19 anos, sendo a média mundial de 41 gestantes adolescentes, ou seja, o Brasil está preocupantemente acima da média mundial.
Nesse sentido, o Grupo Adolescer, coloca em sua agenda anual formações com os líderes de opinião, acerca desse tema, que é tão presente na realidade do Brasil. Foram trabalhados os estigmas vivenciados por quem passa por uma gravidez precoce, principalmente os estigmas experienciados pela adolescente em gestação, os riscos à saúde, a evasão escolar, os julgamentos e o abandono paterno.
Também foi explorado as diferenças entre a maternidade e a paternidade nesse contexto, tendo em vista que esses jovens estão inseridos em uma sociedade patriarcal e machista, que insiste em colocar a principal responsabilidade do cuidado da prole para as mulheres, ocasionando na naturalização da desresponsabilização do homem, que por vezes quando assume suas demandas de pai é colocado em um lugar de valorização exacerbada ao invés de ser visto como ato de responsabilidade e dever.
Assim, fez-se necessário trabalhar sobre os métodos contraceptivos, além da conscientização dos danos que uma gestação precoce causa, da importância da prevenção gestacional, assim como a prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e instigar que os Líderes de Opinião pensem no seu projeto de vida, no que esperam para o futuro e o que irão fazer para construir esse futuro que almejam. Salientou-se também que se caso passem por uma gravidez na adolescência, ainda é possível construir um projeto de vida.
Dessa forma, é de suma importância tencionar os órgãos públicos para que garantam o acesso aos meios de prevenção a gravidez na adolescência e que também disponham de suporte para que essas mães e pais consigam continuar suas vidas, com acesso à saúde educação ao lazer bem como todos os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente/ lei nº 8.069/1990:
Art. 4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Mesmo que esses indivíduos assumam responsabilidades de um adulto, ainda sim são adolescentes e devem ter todos os seus direitos assegurados, visto que, além de genitores na adolescência são cidadãs cidadãos de direitos.