Existe um formato de família ideal? Quase sempre, a resposta para essa indagação será pautada pela sociedade a partir do modelo de “família tradicional”, ou seja, uma mãe e um pai. Porém, na realidade brasileira existe diversas estruturas familiares que divergem desse modelo. Isso se dá por diferentes motivos. Um deles é o abandono paterno. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 5,5milhões de crianças brasileiras não tem o nome pai na certidão de nascimento. A partir desse dado, é possível considerar que a maioria das famílias brasileiras tem a figura da mãe como principal referencial de família. É claro que isso não é uma regra, mas para avançamos na reflexão de diferentes constituições familiares não podemos desconsiderar esse fato.
Atuando em quatro comunidades periféricas da região metropolitana do Recife, Santo Amaro, Caranguejo Tabaiares, Santa Luzia e Roda de Fogo o Grupo Adolescer lida com essa diversidade familiar. Dentro dos grupos de adolescentes e de crianças, que refletem a realidade de várias famílias brasileiras, encontramos diferentes composições familiares, tais como: avó ou avô que assumem o lugar dos país e mães ou tias e tios que, também, desempenham essa função, sendo a ausência paterna a determinação das diferentes reorganizações de familiares.
Considerando isso, diferentes atividades e formações pedagógicas são feitas para reforçar o respeito a todas as formas de família. Uma dessas ações foi desenvolvida no grupo de crianças do programa CriaPaz na comunidade de Roda de Fogo com o módulo formativo: família como proteção à criança. Segundo o Art. 4º do estatuto da criança e do adolescente:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Lei 8.069/90 – ECA)
Além de reforçar que a família é a primeira instituição social que deve atuar na garantia de direitos da criança e do adolescente, por meio da formação, foi possível ampliar o debate sobre as diversas formas de estrutura familiar.
No dia 02 de agosto, o grupo de crianças do CriaPaz multiplicou esses saberes para outras crianças, estudantes da Escola Creusa de Freitas Cavalcanti, localizada no bairro dos Torrões, no Recife. Numa iniciativa pioneira, a escola referida, que é parceira do Grupo Adolescer comemora no dia 31 de maio o “Dia da Família”, fortalecendo a ideia que todas as formas de estruturas familiares merecem respeito. No Brasil, o dia da família é comemorado no dia 08 de dezembro.
Um dos objetivos da multiplicação foi refletir que a estrutura familiar ultrapassa questões genéticas, de orientação sexual de pais ou mães, ou nível socioeconômico. Ou seja, o que faz uma família não é apenas o modo tradicional dos seus familiares, mas sim os laços afetivos que são construídos por meio da união, do respeito e do compromisso em garantir o bem estar das crianças, afinal, família é onde existe amor.
Adilson Di Carvalho,
Educador Social
Agosto 2019
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