Por André Luiz Fidelis de Azevedo
“Um processo de mobilização social tem início quando uma pessoa, um grupo
ou uma instituição decide iniciar um movimento no sentido de compartilhar
um imaginário e o esforço para alcançá-lo” (TORO e WERNECK, 1996).
Através de ações sistemáticas e organizadas junto às comunidades, de forma partilhada e construtiva, são identificados Temas Geradores de sofrimento social como drogas, violência de gênero e meio ambiente que norteiam os Projetos de Intervenção desenvolvidos nessas comunidades. Todo o planejamento construído para estes projetos parte de coletas de dados feitas no SiDiEs, o que possibilita ações mais focadas, participativas e elaboradas pelos/as estudantes líderes de opinião, que iniciam esses processos nas formações e seguem até as ações práticas na base – comunidade ou/e escolas.
Os projetos de intervenção nas comunidades foram discutidos nas sedes comunitárias do Grupo AdoleScER, em formações específicas sobre cada tema, para que adolescentes e jovens fizessem estudos e aprofundassem as estratégias para o diálogo com as pessoas, através da: articulação em rede (postos de saúde, bibliotecas e outras organizações da sociedade civil; multiplicação de informações, com atividades formativas a outros jovens, através da metodologia da Educação Entre Pares, muito utilizada na instituição; e ações na própria comunidade com o intuito de instigar mais pessoas a refletirem sobre os problemas do lugar onde moram.
Em Roda de Fogo e Santo Amaro, o tema trabalhado foi meio ambiente. Uma das principais preocupações era refletir com os moradores como manter o espaço comunitário limpo. Para tanto, foram realizadas multiplicações de informações, construção de horta e jardins sustentáveis e ações que provocavam as pessoas a refletirem sobre a importância de preservar o meio ambiente. Em Santo Amaro, ainda ocorreu um pequeno mutirão de grafite em um muro estratégico na comunidade com mensagens sobre o cuidado com o meio ambiente.
Em Caranguejo/Tabaiares, o tema escolhido foi drogas. Estudo, construção de estratégias, entrevistas com moradores/as, colagem de placas reflexivas pela comunidade, abordagens em locais bastante movimentados e trabalhos referente a quebra das representações sociais em pontos ditos violentos foram algumas das principais ações desenvolvidas.
O foco em Santa Luzia foi a violência de gênero. As mulheres tiveram papel determinante na condução do Projeto de Intervenção. Panfletagens, diálogos face a face, multiplicação de informações e a elaboração de cartões com falas de mulheres entrevistadas na comunidade resultaram em uma manifestação de empoderamento social e a contribuição para uma sociedade livre do machismo. Tudo isso feito com muita garra, persistência, foco e amor.
Em todos os Projetos de Intervenção, o compromisso dos/as adolescentes e jovens líderes de opinião na condução dos processos é destacado. Além disso, a comunidade foi bastante receptiva e não atuou de forma passiva, como mera expectadora das ações, mas reflexiva e construindo novas possibilidades de se construir um bairro melhor.