Por André Fidelis
Expressões artísticas e culturais são elementos fundamentais para o despertar lúdico em cada pessoa. Demonstrar suas inquietações, dons e alegrias através do grafite, da música, da dança e do teatro contribui para que a mensagem que se queira transmitir chegue de forma mais rápida e efetiva, provocando no outro reflexões importantes para o processo de transformação social.
Como articular ações de redução da violência na escola e comunidade de forma que a mensagem chegue mais rápido às pessoas? Essa era a pergunta feita pela equipe do Grupo AdoleScER e, pensando nisso, foram incorporadas as Atividades Artísticas culturais ao currículo de formação com os adolescentes e jovens líderes de opinião. Há a carência de tudo quando se atua em comunidades esquecidas ao longo de anos pelo poder público. Dessa forma, estratégias de convencimento, apropriação do discurso e sensibilização são primordiais. “A arte é uma forma de conhecimento que nos capacita a um entendimento mais complexo e de certa forma mais profundo das coisas” (ZAMBONI, 2001, p.21).
A proposta para se trabalhar as atividades artísticas nos grupos de adolescentes e jovens líderes nas quatro comunidades de atuação institucional se deu a partir da escolha pré-definida desses atores, ou seja, era feita uma escuta pela equipe do GA sobre o tipo de linguagem que estaria mais próxima das ações que estavam sendo desenvolvidas em cada comunidade. Além disso, investigava-se como essas linguagens artísticas poderiam ser incorporadas na hora de desenvolver multiplicações de informações nas escolas ou ações nas comunidades, de maneira que o lúdico fosse a principal ferramenta para construção de conhecimentos. Após a escuta ser feita, chegava-se a um consenso e escolhia-se os técnicos para facilitar os momentos.
Em termos práticos, o teatro foi fundamental para se contar várias histórias desenvolvidos pelos/as adolescentes e jovens líderes de opinião nas escolas parceiras de atuação do projeto PazAMIN. Debater sobre violências, desrespeito, drogas e meio ambiente utilizando instrumentos e linguagens lúdicas e artísticas garantiu o aprimoramento e a apropriação do debate por parte de quem apresentava e de quem observava. “A criatividade é cognitiva-emocional-manipulativa: cognitiva porque se refere a inovar e desenvolver ideias, e ocorre mediante processos mentais; é emocional, pois está integrada às emoções e, finalmente, é manipulativa porque o desenvolvimento da ideia não se dá somente internamente, mas também em relação a um meio específico” (Gnezda, 2011). Foi a partir destes conceitos, reflexões e estratégias que as atividades artísticas se articularam muito bem a proposta formativa desenvolvida pelo GA para a redução da violência escolar e comunitária.
Ao longo dos anos, diversas linguagens foram trabalhadas, sem, necessariamente, que ocorresse a obrigatoriedade de haver uma culminância ao final de cada módulo, porque cada atividade era um aprendizado diferente que independia ou não de se ter um fechamento. O mais importante é aprender a atividade artística como instrumento dialógico incorporado à linguagem do jovem para enfrentar os males que o cercam cotidianamente, além de despertar nesses atores um desejo profissional para o seu futuro.